sábado, maio 13, 2006


Imaculado

Normalmente, evito comentar os delírios de Carrilho. Por dois motivos. Primeiro, tem uma mulher bonita e as pessoas bonitas – bem como as que com elas andam - são amiúde alvo da maledicência de multidões de feiosos roídos de inveja. Como os linchamentos me dão urticária e fico eriçada quando alguém é atacado por exterioridades, dou sempre uma margem de manobra a gente bonita e a quem usufrui dessa beleza. Eu sei que isto é paternalismo e uma forma invertida de preconceito, mas que se há-de fazer, os preconceitos às avessas são subprodutos da herança de uma europeia liberal. Que não repreende um funcionário emigrante com a facilidade com que, pelos mesmíssimos motivos, repreenderia um indígena. Que recusa apelidar de tonto o velhote a quem chamaria de energúmeno se o soubesse com menos vinte anos. A Bárbara y su muchacho merecem o mesmo tratamento que o ucraniano ilegal ou o octogenário com arteriosclerose.

Depois também evito falar de Carrilho porque não há palavras para a incomensurável asnice que o leva a postular que os outros o vêem como ele se mira reflectido no espelho do seu narcisismo. Convicto que o mundo não o merece, Carrilho? Pois não merece, mesmo. You’re so fired…